Uma parteira recebe meninas para fazer abortos, um sargento que se acha coronel persegue macaquinhos no parque, um passador leva meninos a salto para lá da fronteira; a meio caminho, um desastre na berma duma estrada; um rapaz em movimento que não sai do mesmo lugar; e há ainda uma nau catrineta que se afundou além-mar.
Entretanto, noutra dimensão, a história acompanha Silvina: um corpo defunto numa cadeira de baloiço, cujos odores se misturam nos sumidouros da cidade, entre flores e balões, confundindo dois cães. Passaram vinte e cinco anos do seu casamento com António, o narrador e protagonista que embala a tristeza da viuvez enquanto cuida as feridas de um corpo morto - ele é uma voz sumida, perdendo-se num labirinto de palavras. Mas é também a voz dos mortos que murmuram debaixo do chão da sua casa.
Romance que abala os fundamentos da narrativa clássica, Morramos ao menos no porto é um fogo que alastra até consumir todas as suas personagens. E que revela Francisco Mota Saraiva como uma voz poderosa na nossa literatura.
Uma parteira recebe meninas para fazer abortos, um sargento que se acha coronel persegue macaquinhos no parque, um passador leva meninos a salto para lá da fronteira; a meio caminho, um desastre na berma duma estrada; um rapaz em movimento que não sai do mesmo lugar; e há ainda uma nau catrineta que se afundou além-mar.
Entretanto, noutra dimensão, a história acompanha Silvina: um corpo defunto numa cadeira de baloiço, cujos odores se misturam nos sumidouros da cidade, entre flores e balões, confundindo dois cães. Passaram vinte e cinco anos do seu casamento com António, o narrador e protagonista que embala a tristeza da viuvez enquanto cuida as feridas de um corpo morto - ele é uma voz sumida, perdendo-se num labirinto de palavras. Mas é também a voz dos mortos que murmuram debaixo do chão da sua casa.
Romance que abala os fundamentos da narrativa clássica, Morramos ao menos no porto é um fogo que alastra até consumir todas as suas personagens. E que revela Francisco Mota Saraiva como uma voz poderosa na nossa literatura.